Dívida bruta da Cemat R$ 1,8 bilhão, o maior entre as oito empresas do grupo Rede Energiaredecemat09112012

Do Jornal Folha do Estado- 08/11/2012

Com a proposta de um novo modelo de gestão, funcionários da Centrais Elétricas Mato-grossenses (Cemat) querem comprar parte da empresa, que hoje está sobre intervenção da governo federal como forma de evitar a falência. A intenção é que as ações sejam adquiridas com fundos do BNDES e o próprio FGTS dos trabalhadores. A distribuidora possui uma dívida bruta de R$ 1,8 bilhão, o maior montante entre as oito companhias do Grupo Rede, todas sob tutela federal desde agosto devido ao alto grau de endividamento. Atualmente, a Cemat atende 1,1 milhão de consumidores.

A princípio o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Urbanas no Estado de Mato Grosso (STIU-MT), que representa a categoria, protocolou uma carta de intenção ao ministro-chefe da Secretária Geral da Presidência da República, manifestando o interesse na aquisição de parte das ações e solicitando auxilio do governo para a viabilização do projeto. Na semana que vem o governo deve se posicionar.

Conforme o presidente do STIU-MT, Dillon Caporossi, a participação na aquisição de ações ordinárias da empresa definirá uma gestão transparente e sintonizada com os interesses da sociedade mato-grossense, proporcionando melhoria no setor, além de energia elétrica mais barata à população. “Os modelos anteriores não funcionaram. Essa proposta é algo inédito e não se trata apenas de uma ação corporativa e sim de um modelo transparente”, explicou.

Para Caporossi a atual situação da Cemat é resultado de uma administração deficiente e cheia de falhas. “O que queremos é democratizar o capital. A natureza do serviço é público. Já há participação do Estado, do setor privado e agora revindicamos a participação dos trabalhadores”, afirmou. O representante lembrou ainda que o grupo Rede Energia tem a participação de 40% das ações da distribuidora as quais os trabalhadores estão interessados. “Seja 20% ou 10% dessas ações, o que queremos é participar e garantir uma resposta à sociedade”.

Recuperação- O plano de recuperação para as oito empresas do grupo sob intervenção do governo prevê um aporte de R$ 773 milhões após a entrada de um novo investidor. A Cemat receberia o maior montante, no total de R$ 205 milhões, 25% do total. O plano aguarda aprovação da Agencia Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

Economista afirma que abertura de capital da distribuidora é positivo

Para o economista Manuel Marta, o pleito dos trabalhadores por ações da Cemat é legítimo e merece atenção. “Acredito que esse novo modelo de proposta é válido como forma de apresentar maior transparência e eficiência para os serviçoes prestados”, afirmou.

Marta lembrou que em várias empresas pelo mundo essa fórmula já é usada e apresenta resultados positivos. “No país mesmo temos empresas nas quais o Fundo de Pensão, nos Estados Unidos a GM também é um exemplo de empresa na qual os funcionários participam das ações”, explicou.

Conforme ele, a abertura do capital da Cemat poderia até mesmo possibilitar espaço para que outras pessoas pudessem participar com pequenas ações. “É desejável que isso aconteça. Nós temos exemplos que até não funcionaram, então é válida a proposta dos trabalhadores e é um modelo que já provou funcionar em várias outras situações”, concluiu. (DG)